quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Sobre o esquecimento

Estou lendo um livro de Mia Couto. Apesar do autor estar em minha lista de "autores a serem lidos" há tempos, desde o dia em que Verônica assistiu um seminário dele na faculdade de letras e chegou em casa encantada, somente agora consegui pegar um de seus livros para ler.

Como perdi tempo! Leitura agradável demais. Estou devorando "Venenos de Deus, remédios do diabo". Num dos diálogos do livro, um dos personagens diz: 

"É o esquecimento e não a morte que nos faz ficar fora da vida".

Como gostei dessa frase, e fiquei a pensar nos que ficaram esquecidos por mim pelo caminho. Tanta gente que passa pelas nossas vidas, deixam marcas, e desaparecem. Com as facilidades de comunicações dos dias de hoje, achar essas pessoas não é coisa de outro mundo. E comecei o processo de retomar esses contatos. Como está valendo a pena!

E ai, que tal embarcar nessa? Pense numa pessoa que passou por sua vida, e que você tenha perdido totalmente o contato. Tente achá-la e retomar o contato, demonstrando que jamais esqueceu essa pessoa, apesar da distância e dos anos de silêncio...vamos tentar?

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Salada de azeite

Fui até a seção de azeites do Empório em busca de um exemplar extra virgem, para que Verônica pudesse mostrar sua arte, preparando a receita de uma fantástica pasta de berinjela. Diga-se de passagem, uma das favoritas de Ivo Cantor. A receita virá em outra oportunidade.

Me pego rindo sozinho, as pessoas pensando que estou ficando doido. Explico. Não há como não se lembrar de tia Rachel quando o assunto é azeite.

Tia Rachel é figura carimbada, vai aparecer muitas vezes por aqui. Publicou um livro sensacional, que abordarei em outra oportunidade, narrando suas gafes históricas. Salada de azeite é o primeiro conto do livro, que reproduzo abaixo.

***
Encontrei-me com uma pessoa em uma loja, e a pele  de  seu  rosto  me chamou a atenção, pois estava brilhosa e bonita. Então lhe perguntei  o  que ela fazia para que a pele ficasse assim, e respondeu-me:

-  Eu coloco azeite, e do melhor!

Então fui para casa a fim de ver qual era a marca do meu azeite.  Era da marca Beira Alta, e eu cá comigo:  este não é o melhor.

Fui até a casa da vizinha e ela me deu o azeite  Galo.  Untei  minhas mãos e já  me "enxambrei" o rosto. Com o decorrer dos dias,  aproximadamente uma semana, todas as pessoas que encontrava viravam para mim e diziam:

- Que cheiro de salada!

Eu fiquei na minha.  Tive a curiosidade de  perguntar  à  pessoa  que havia me dado a receita se quando ela colocava o azeite  ficava  com  cheiro de salada.  Ela me respondeu que não.  Então perguntei  qual  o  azeite  que colocava.  Ela me respondeu que era o azeite de dendê.

Mas acredito que este dendê era acrescentado de algo mais, só sei que cheirei a salada por uma semana e a minha pele não ficou igual à dela.

***

É ou não o que há de mais avant-garde em termos de estética??

Aguardem, tia Rachel voltará por aqui.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Desapego

Usa, sem algemar-te,
Os bens de que desfrutes.
                     (Emmanuel)  

Por que guardamos tantas coisas? Usamos efetivamente tudo que temos?

Abri o armário a procura de um boné, não o achei, estava uma zona. Repleto de coisas que nem me dava conta que as guardava. Havia chegado a hora da faxina geral.

Aproveitei que estava com a mão na massa e fui para as gavetas, e qual não foi o espanto, com a quantidade de roupas que nem usava mais. E a quantidade de camisas de corridas?

Resultado, tudo embalado para doação.

Início de ano, sempre bom esvaziar o armário. A alma fica leve. Encontrar uso e novos donos para coisas que não usamos mais.

Recordo de um papo sobre o assunto que tive com a Elis, onde falávamos de colocar os livros para correr. Livro em estante pegando poeira, sem uso...por quê guardar? E conversamos sobre os filhos, sobre a quantidade de brinquedos que eles possuem e que nem brincam mais, era hora de passar aquilo pra frente, ensinando desde cedo que eles precisam doar aquilo que não brincam mais, que é muito gratificante fazer outras pessoas felizes.

Ai a Elis me manda um livrinho lindo, que a filhota dela brincava quando era menor, e que deu de presente para a Júlia. Ela adorou a Ninoca. Detalhe para o óculos sem lentes, afinal, para ler, é chique colocar óculos de leitura.



Que sirva para reflexão, deixaremos tudo na Terra, não possuímos nada. É preciso trabalhar a questão do desapego. Seu armário, sua chave para Nárnia.