segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Em seu lugar

Um ancião que estava para morrer procurou um jovem e narrou uma história de heroísmo:

Durante a guerra, ajudou um homem a fugir. Deu-lhe abrigo, alimento e proteção.

Quando já estavam chegando a um lugar seguro, esse homem decidiu traí-lo e entregá-lo ao inimigo.

E como você escapou? – Perguntou o jovem.

Não escapei. Eu sou o outro, sou aquele que traiu. – Diz o velho. Mas, ao contar esta história como se fosse o herói, posso compreender tudo o que ele fez por mim.

* * *

Você saberia o significado de empatia?

Segundo o dicionário Aurélio, empatia é a tendência para sentir o que sentiria caso estivesse na situação e circunstâncias experimentadas por outra pessoa.

Possivelmente, já devemos ter relatado uma experiência a outra pessoa, que nos respondeu assim: É... deve ter sido difícil para você...

Ao se colocar na posição do outro, tudo pode se modifica. E temos feito esse exercício?

A empatia nos torna menos orgulhosos e egoístas, pois faz com que pensemos não só em nossos pontos de vista, em como estamos nos sentindo, mas também na vida alheia, no que se passa no íntimo de alguém.

Existe um termo nos países de língua inglesa que retrata bem a empatia: "colocar seus pés nos sapatos dos outros" (in your shoes). Já experimentou calçar um sapato apertado de outra pessoa e sentir onde aperta seu calo?

Em tempo, existe um filme chamado "in her shoes", traduzido no Brasil como "em seu lugar". Assista, e coloque-se na posição dos personagens.

Se quer fazer a mesma atividade através de um livro, leia "o segredo do meu marido", e siga também analisando as atitudes de cada personagem, e se colocando na posição de cada um deles.

A empatia nos torna mais humanos, mais próximos da realidade do outro, de suas dificuldades e de seu caminho. Passamos a analisar a vida através de outros pontos de vista, de outros ângulos e, assim, nos tornamos mais sábios, mais maduros.

* * *

Quem será que nunca ouviu: Fazei aos homens tudo o que desejai que eles vos façam, pois é nisto que consistem a lei e os profetas (Mateus 7:12)

Há mais de 2000 anos aprendemos a lição da empatia, de nos colocarmos na posição do outro.

Mas como diz o poeta, "a lição já sabemos de cor, só nos resta aprender".

Precisamos praticar mais.


Fonte: www.momento.com.br

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Buscar o sim

A gente se acomoda,
A gente se acostuma,
A gente procastina,
A gente não se arruma,
Até quando conseguiremos?
viver assim é o que queremos?
Contentar-se com coisa alguma.

* * *

Há tempos não fazia uma septilha.
Saudades dos amigos cordelistas...

* * *

Tem uma frase de um amigo que gosto muito. Sempre muito agitado, correndo atrás dos sonhos, um batalhador incansável. Ele diz:
"Cara, o não está garantido, vamos buscar o sim".

E quantos estamos dispostos a buscar o sim?

É simples demais, mas requer mudança de atitude.

Por que ter medo de ganhar um não? Se não fizermos nada, a resposta já é essa mesma!

Precisamos mais de sim. Sair da zona de conforto. Arriscar um pouco mais.

Lembrei de um texto, trabalhado em sala de aula há 25 anos. Sim, coisas boas são inesquecíveis.

Oficina de leitura da Tia Zulma. O texto é de 1972, e continua muito atual.

* * *
Eu sei, mas não devia (Marina Colasanti)

Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.

A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.

A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagar mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.

A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.

A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.

* * *
Como diz Gilberto Gil: "a gente quer mu-dança".

(Inspirado em Raina, que tinha o não como resposta e foi buscar o sim, e conseguiu).

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Vitória épica

Esse título lhe é familiar?

Fez a ligação com algum jogo online?

Saberia dizer o que está por trás do sucesso de projetos como Duolingo e Khan Academy?

Uma teoria chamada gamification.
* * *

Você conhece alguém que passa muitos horas jogando algo online? Faz ideia da quantidade de horas por semana?

Os números impressionam...

Um estudo americano mostrou que se gasta em torno de 3 bilhões de horas por semana em jogos online.

Em um ano, esse tempo seria equivalente a 5,93 milhões de anos.

Para termos uma ideia, há 5,93 milhões de anos, nosso primeiro ancestral primata ficou de pé.

Até os 21 anos, um jovem de hoje terá gasto 10.000 horas em jogos online. Da 5ª série até a faculdade, ele estuda cerca de 10.080 horas, se for um aluno assíduo. Então temos ai uma formação paralela em jogos, equivalente ao tempo que se leva na escola.

Uma outra teoria diz que 10.000 horas seria o tempo suficiente para você se tornar virtuoso em qualquer área do conhecimento. E no que esses jovens estão se tornando virtuosos?

* * *

Somos melhores nos jogos do que na vida?

Por que nos jogos nunca somos um fracasso? Nunca desistimos, e a derrota não nos abala? Ganhamos nova vida e vamos em frente.

Existe gente boa trabalhando nisso, no aproveitamento desse tempo que os jovens passam online.

Ai está o Duolingo, e Khan Academy. E tantos outros que estão por vir.

Se os números e as informações te chamaram a atenção, veja o que Jane McGonigal tem a lhe dizer:

"Jogando por um mundo melhor"

E vamos em busca da vitória épica!