sexta-feira, 5 de abril de 2013

Sobre joias e tesouros

"Suas meninas são um tesouro!" (Elis)

E você, possui algum tesouro? Uma joia valiosa?

Possuir não seria o melhor verbo, pois com relação a tesouros e joias, não os possuímos...somos apenas usufrutuários. 

Ele passa de mão em mão, entre gerações...e, se hoje, temos isso nas mãos, é para usufruirmos...momentaneamente.

Sem dúvida, filhos são o maior tesouro que temos...são gemas preciosas. Mas também não os possuímos, somos usufrutuários.

Já dizia Gibran Khalil Gibran, no seu espetacular "O Profeta":

"Vossos filhos não são vossos filhos.
São os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma.
Vêm através de vós, mas não de vós.
E embora vivam convosco, não vos pertencem.
Podeis outorgar-lhes vosso amor, mas não vossos pensamentos,
Porque eles têm seus próprios pensamentos.
Podeis abrigar seus corpos, mas não suas almas;
Pois suas almas moram na mansão do amanhã,
Que vós não podeis visitar nem mesmo em sonho.
Podeis esforçar-vos por ser como eles, mas não procureis fazê-los como vós,
Porque a vida não anda para trás e não se demora com os dias passados.
Vós sois os arcos dos quais vossos filhos são arremessados como flechas vivas.
O arqueiro mira o alvo na senda do infinito e vos estica com toda a sua força,
Para que suas flechas se projetem, rápidas e para longe.
Que vosso encurvamento na mão do arqueiro seja vossa alegria:
Pois assim como ele ama a flecha que voa,
Ama também o arco que permanece estável."

* * *

E já que estamos com ventos orientais...uma ótima narrativa intitulada "Joias devolvidas".

Narra antiga lenda árabe, que um rabi, religioso dedicado, vivia muito feliz com sua família. Esposa admirável e dois filhos queridos.

Certa vez, por imperativos da religião, o rabi empreendeu longa viagem ausentando-se do lar por vários dias.

No período em que estava ausente, um grave acidente provocou a morte dos dois filhos amados.

A mãezinha sentiu o coração dilacerado de dor. No entanto, por ser uma mulher forte, sustentada pela fé e pela confiança em Deus, suportou o choque com bravura.

Todavia, uma preocupação lhe vinha à mente: como dar ao esposo a triste notícia?

Sabendo-o portador de insuficiência cardíaca, temia que não suportasse tamanha comoção.

Lembrou-se de fazer uma prece. Rogou a Deus auxílio para resolver a difícil questão.

Alguns dias depois, num final de tarde, o rabi retornou ao lar.

Abraçou longamente a esposa e perguntou pelos filhos...

Ela pediu para que não se preocupasse. Que tomasse o seu banho, e logo depois ela lhe falaria dos moços.

Alguns minutos depois estavam ambos sentados à mesa. Ela lhe perguntou sobre a viagem, e logo ele perguntou novamente pelos filhos.

A esposa, numa atitude um tanto embaraçada, respondeu ao marido: deixe os filhos. Primeiro quero que me ajude a resolver um problema que considero grave.

O marido, já um pouco preocupado perguntou: o que aconteceu? Notei você abatida! Fale! Resolveremos juntos, com a ajuda de Deus.

- Enquanto você esteve ausente, um amigo nosso visitou-me e deixou duas joias de valor incalculável, para que as guardasse. São joias muito preciosas! Jamais vi algo tão belo!

- O problema é esse! Ele vem buscá-las e eu não estou disposta a devolvê-las, pois já me afeiçoei a elas. O que você me diz?

- Ora mulher! Não estou entendendo o seu comportamento! Você nunca cultivou vaidades!... Por que isso agora?

- É que nunca havia visto joias assim! São maravilhosas!

- Podem até ser, mas não lhe pertencem! Terá que devolvê-las.

- Mas eu não consigo aceitar a ideia de perdê-las!

E o rabi respondeu com firmeza: ninguém perde o que não possui. Retê-las equivaleria a roubo!

- Vamos devolvê-las, eu a ajudarei. Faremos isso juntos, hoje mesmo.

- Pois bem, meu querido, seja feita a sua vontade. O tesouro será devolvido.

Na verdade isso já foi feito. As joias preciosas eram nossos filhos.

- Deus os confiou à nossa guarda, e durante a sua viagem veio buscá-los. Eles se foram.

O rabi compreendeu a mensagem. Abraçou a esposa, e juntos derramaram grossas lágrimas. Sem revolta nem desespero.

* * *

Os filhos são joias preciosas que o Criador nos confia a fim de que as ajudemos a burilar-se.

Não percamos a oportunidade de enfeitá-las de virtudes. Assim, quando tivermos que devolvê-las a Deus, que possam estar ainda mais belas e mais valiosas.

(Fonte: livro "Quem tem medo da morte? - Richard Simonetti,  cap. Joias devolvidas)


* * *

Os filhos, os preparamos para a vida, para viver em sociedade.

E na condição de seres gregários, encontramos na família a base da sociedade. E se hoje, a sociedade não vai bem, é porque a família não está bem das pernas.

Sua família, seu maior tesouro. Cuide.

PS: Seria hoje, mas foi adiado para dia 10...a família Valada recebe mais uma pedra preciosa...seja bem vinda Juju. Ivana e Fabio, usem o cinzel com sabedoria, lapidando essa joia que recebem.

6 comentários:

  1. Não tenho filhos e derramei 'grossas lágrimas' ao ler tudo isso.
    Em tempo, parece que já conheço seu tesouro.

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  2. Impossível mesmo não soluçar. Falou tudo meu amigo querido.

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  3. Meu amigo!!!

    Dindo do coração da Juju...

    Temos tesouros preciosos, mesmo. Adorei o post!

    Obrigada!

    Beijo no coração!

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  4. São as jóias mais raras que recebemos na vida. E, sem dúvida alguma, as mais difíceis de passar, emprestar ou dividir com qualquer um. São jóias porque nos ensinam e, de certa forma, também nos lapidam como serem humanos!
    Post lindo e muito emocionante.
    Abraços...

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  5. que mensagem linda, Ricardo!

    me sinto tão honrada de ser a guardiã desses tesouros que são meus filhos! depois que comecei a perceber a dimensão disso tudo, sinto aumentar em mim o amor e o cuidado, o carinho e a atenção com esses tesouros tão especiais que Deus me confiou!

    Juju tá chegando numa família que é rica em tesouros!!!

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Fiado só amanhã.
Obrigado e volte sempre.