segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Invenção e inventário

Pense agora em uma invenção que você não consegue viver sem ela.

Será que há dez anos atrás você era assim tão dependente dessa invenção?

E será que daqui a dez anos, essa invenção que hoje lhe é imprescindível, não estará completamente esquecida e obsoleta?

Agora diga para a gente, que invenção foi essa que você pensou? Deixa ai nos comentários. Quem sabe daqui dez anos a gente não volte aqui para relembrar e rir das coisas.

* * *

Certo dia, mexendo no computador, minha filha perguntou onde estava a letra A: e B:, já que os discos do computador começavam com C: e D:

Mostrei fotografias de disquetes para ela saber do que se tratava. Um era maior que um pão de forma, e tinha a estupenda capacidade de armazenar 360 kbytes (o que não dá hoje para guardar sequer uma foto).

Quando surgiu seu sucessor, com a capicidade 4x maior, ou 1.4 Mbytes (não cabe sequer uma música hoje), foi uma revolução e tanto... E nos discos externos de hoje, que substituem os pendrives, caberiam cerca de 1 milhão de disquetes.

E provavelmente daqui dez anos, vamos rir dessa capacidade de hoje também.

E por falar nisso, já parou para pensar no papel da tecnologia?

Facilitar a vida, ganhar tempo, aumentar a produtividade, podem ser alguma das respostas. Mas não parece um paradoxo?

Se ela serve para que ganhemos tempo, por quê estamos sempre a reclamar que não temos tempo?

Veio para facilitar nossa vida, e muitas vezes nos tornamos escravos dela (lembra da pergunta inicial? Não consegue viver sem ela?). E a lembrar que há bem pouco tempo atrás, vivíamos normalmente sem ela.

Certamente, a economia do tempo é notória. Então esse tempo extra que ganhamos com o advento da tecnologia, precisa ser melhor empregado, não acha?

Antigamente para se fazer um bolo, pergunte aos mais antigos:
- não tinha batedeira (batia-se na mão);
- forno era a lenha (hoje é vintage ter um);
Hoje a massa já está pronta na prateleira...

E para se comunicar? Cartas.
- escrevia-se em papel;
- usava-se Correios;
- a resposta demorava dias;
Hojé é instantâneo.

Então, para onde está indo esse tempo que ganhamos com o advento da tecnologia? 

Pense em como tem empregado esse tempo extra que ganhou. Se ele está te libertando ou escravizando.

Já pensou em estudar algo que você gosta e nunca teve oportunidade (porque não tinha tempo)? Música, arte, línguas, fazer uma faculdade, um trabalho voluntário.

Pense nisso, ainda temos tempo.

* * *

Falando em tecnologia, em nossa infância, tínhamos em casa um videocassete (lembra disso?). 

Curioso que o controle remoto dele era com fio. Sim, controle remoto com fio!

E pagava-se multa na locadora, se entregasse a fita sem estar rebobinada (gargalhando).

Então eu e minha irmã, estávamos fazendo uma lista, daquilo que cada um iria herdar.

Por ser o mais velho, comecei escolhendo o videocassete. Ela escolheu o carro (um Gol 84).

Surpreso com a audácia e esperteza dela, escolhi o Fusca (78).

Ao passar pela gente, e vendo nossa discussão, nosso pai perguntou o que estávamos fazendo. Ao saber do inventário antecipado, pega a lista e passa o sermão:

- Tudo que temos, foi com o esforço do nosso trabalho, meu e de sua mãe. Seu avô não deixou nada para a gente. A única coisa que ele nos deu de herança foi a educação, e ele tinha a certeza que com ela conseguiríamos tudo. - E continuou:

- Eu aprendi muito bem a lição, e, de igual forma, tudo que deixarei para vocês, será educação.

E isso é uma marca que ninguém apaga.

Então, diante de tantas invenções e tecnologias, que são transitórias, vale pensar:

- O que você está deixando como inventário? Isso sim, é permanente.





6 comentários:

  1. depois que eu vim morar aqui no "De Janeiro", o valor que eu atribuía a algumas coisas mudou muito...
    tem hora que falta água... e a água encanada parece ser a melhor invenção da humanidade...
    falta luz, e nós continuamos, sem luz mesmo...
    falta internet, essa então, vive faltando, e nós continuamos...
    já faltou o freezer, o microondas...
    às vezes parece que a melhor invenção do mundo é o papel higiênico, principalmente quando ele tá quase faltando rsrsrsrs

    e aí tem dona Júlia, que mora numa casinha sem água encanada, só com uns 3 pontos de luz, com muita goteira, sem um colchão decente, que às vezes acontece de não ter nada nos armários, e parece ser a pessoa mais tranquila que eu conheço...
    e tem os moradores de rua lá de Bangu, que vão à casa da sopa... e aquela sopa quentinha, com angu e feijão, que muitas vezes é única refeição do dia, é a única coisa no universo que não pode faltar...

    tem uma reflexão budista que diz que devemos parar ao menos uma vez no dia e nos perguntar:
    1) eu vou morrer?
    2) quando eu vou morrer?
    3) se eu morresse hoje, o que levaria de aprendizado, de sentimentos, de aquisições morais, e o que deixaria?
    4) o que eu posso fazer hoje para enriquecer esse tesouro que levarei e que deixarei?

    tô desconfiada que a melhor invenção do mundo é o amor...

    muito a pensar, e muito a fazer!
    que as nossas vidas sejam plenas de significado!

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  2. Acabei de me deparar com uma frase atribuída a Sócrates: "Tome muito cuidado com o vazio de uma vida ocupada demais".
    Sobre o tempo que a tecnologia me trouxe, se parar pra pensar, gasto ele com a vida nova pós-tecnologia... Porque antes só estudava (ahhhhh, que saudades!). E hoje tenho casa para administrar, contas pra pagar, 3 filhos pra cuidar, futebol de um, natação da outra, várias terapias do terceiro... Até tiro um tempo pra mim mesma, mas ando tão cansada que esse tempo nem tem sido tão prazeroso.
    Essa vida ocupada demais realmente é um grande perigo... Haja vigilância!

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  3. Lembrei dos óculos usados nos cinemas 3D com celofane azul e vermelho em cada lente. Acho que vamos rir do 3D atual no futuro.
    Sim, a educação é o que fica!

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  4. A educação é o que fica, e lembrei disso inclusive na terapia nessa semana quando falei de herança e exames de DNA... porque não entendo se o sofrimento das pessoas é por dividir uma herança ou por saberem que aquele herói, não era um homem perfeito e falei que o que eu quero de herança eu já ganhei que foi estudo, educação, valores, caráter e que isso a gte vai moldando a medida que amadurece e outras pessoas entram em nossas vidas. Quanto a invenção que não se pode viver sem... a princípio eu pensei na internet (não imagino sem internet), mas tem tanta coisa que está se perdendo... tanto sentimento, tanta vontade que eu pensei na amizade! Nessa era digital, onde as pessoas se conhecem em sites e aplicativos de relacionamento, não se tem mais amigos de verdade... aquele amigo assim, igual eu e você, igual a gente tinha na nossa infância, aqueles que levamos pra vida toda!

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  5. Li, uma vez, sobre "herança ou legado"...
    Por aí...
    Bens materiais?
    Bem maior é o que não se vê e fica!
    Sentimentos, lembrança de tempo passado junto...
    Trocas feitas por olhares, sorrisos e que valem muito mais...
    Esta nossa geração, modéstia à parte, é mesmo muito heróica! Somos a geração da transiçaõ! Da máquina de escrever para o teclado do computador com monitor e equipamentos mil à parte, para o notebook, para o smartphone... para...!!!
    Da câmera fotográfica analógica para a digital!
    Do tempo que se tirava fotografia com filme de 12, 24 36 fotos e este era um luxo sem igual... TRINTA E SEIS POSES!!! Numa era, hoje onde se tira centenas num dia só...
    Bem ,bem.... tanto a se comparar!
    interessante que outro dia, fui numa choupana e o must era ser sem energia elétrica! Banho no frio a la "Tiradentes". Sabe como? Água esquentada na chaleira, posta num balde, puxado com cordinha (por isso o "tiradentes!) e com uma tampinha que liberava a água aos pouquinhos pro banho quentinho...

    Quanta coisa se lembra se puxar a memória!!!!

    Obrigada, Ricardo, mais uma vez!
    Porque pra isso servem as memórias! Pra serem puxadas pra se reviver por uma segunda, terceira, quarta, infindáveis vezes, as boas coias da vida!

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  6. Ricardo, vc me fez chorar mais uma vez ao lembrar daquele episódio
    da herança. Lembrei do velho Paulo Hoffmann, que quase não tinha
    estudo e que no cotidiano da vida era um sábio e soube muito bem
    educar seus filhos e tb alguns sobrinhos que passaram pela Farmácia
    Guarany, lá na nossa querida Natividade. Lembrei tb da minha velha
    máquina fotográfica OLIMPUS PEN, que duplicava o filme, se era de 36
    poses batia 72 fotos, que beleza. Hoje ao ler seu Blog, sorri, depois
    de lembrar que o meu celular já abriga 3.252 fotos e 61 videos e ainda
    tenho grande espaço livre. Olha aí a tecnologia, nos fazendo ganhar
    tanto tempo. Espero ter contribuído para o movimento do Blog. Um abra=
    ção.

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Fiado só amanhã.
Obrigado e volte sempre.