Aqueles que passam por nós não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós. - Antoine de Saint-Exupéry
Nessa semana, durante alguns e-mails que troquei com a Lana, num deles ela mandou uma citação de Exupéry. Achei aquilo muito legal. Muitos só associam Exupéry ao "pequeno príncipe". Mas a biografia dele, e os outros livros por ele escrito além da obra magistral citada acima, são também dignos de atenção.
Com a citação dela, busquei na memória coisas que já tinha lido sobre Exupéry. Compartilho dois dentre muitos desses textos:
* * *
“Bom dia.” – Disse a raposa.
“Bom dia.” – Respondeu o principezinho com delicadeza. Mas, ao voltar-se não viu ninguém.
“Estou aqui.” – Disse a voz – “Debaixo da macieira…”
“Quem és tu?” – Disse o principezinho. – “És bem bonita…”.
“Sou uma raposa.”
“Anda, vem brincar comigo.” – Propôs-lhe o principezinho. –“Estou tão triste…”
“Não posso brincar contigo.” – Disse a raposa. – “Ainda ninguém me cativou.”
“Ah! Perdão.” – Disse o principezinho.
Mas, depois de ter refletido, acrescentou: – “Que significa cativar”?
“Tu não deves ser daqui.” – Disse a raposa. – “Que procuras?”
“Procuro os homens.” – Disse o principezinho. – “Que significa cativar”?
“Os homens” – disse a raposa – “têm espingardas e caçam. É uma maçada! Também criam galinhas. É o único interesse que lhes acho. Andas à procura de galinhas?”
“Não.” – Disse o principezinho. – “Ando à procura de amigos. Que significa cativar”?
“É uma coisa de que toda a gente se esqueceu.” – Disse a raposa. – “Significa criar laços…”
“Criar laços?”
“Isso mesmo.” – Disse a raposa. – “Para mim, não passas, por enquanto, de um rapazinho em tudo igual a cem mil rapazinhos. E eu não preciso de ti. E tu não precisas de mim. Para ti, não passo de uma raposa igual a cem mil raposas.
Mas, se me cativares, precisaremos um do outro. Serás para mim único no mundo. Serei única no mundo para ti…”
-“Começo a compreender.” – Disse o principezinho. – “Existe uma flor... creio que ela me cativou.”
“É possível.” – Disse a raposa. – “Vê-se de tudo à superfície da Terra…”
* * *
Foi durante a guerra civil na Espanha. Antoine de Saint-Exupéry, o autor de O pequeno príncipe, foi lutar ao lado dos espanhóis que preservavam a democracia.
Certa feita, caiu nas mãos dos adversários. Foi preso e condenado à morte.
Na noite que precedia a sua execução, conta ele que foi despido de todos os seus haveres e jogado em uma cela miserável.
O guarda era muito jovem. Mas era um jovem que, por certo, já assassinara a muitos. Parecia não ter sentimentos. O semblante era frio.
Vigilante, ali estava e tinha ordens para atirar para matar, em caso de fuga.
Exupéry tentou uma conversa com o guarda, altas horas da madrugada. Afinal, eram suas últimas horas na face da Terra. De início, foi inútil. Contudo, quando o guarda se voltou para ele, ele sorriu.
Era um sorriso que misturava pavor e ansiedade. Mas um sorriso. Sorriu e perguntou de forma tímida:
Você é pai?
A resposta foi dada com um movimento de cabeça, afirmativo.
Eu também, falou o prisioneiro. Só que há uma enorme diferença entre nós dois. Amanhã, a esta hora eu terei sido assassinado. Você voltará para casa e irá abraçar seu filho.
Meus filhos não têm culpa da minha imprevidência. E, no entanto, não mais os abraçarei no corpo físico. Quando o dia amanhecer, eu morrerei.
Na hora em que você for abraçar o seu filho, fale-lhe de amor. Diga a ele: "Amo você. Você é a razão da minha vida." Você é guarda. Você está ganhando dinheiro para manter a sua família, não é?
O guarda continuava parado, imóvel. Parecia um cadáver que respirava.
O prisioneiro concluiu: Então, leve a mensagem que eu não poderei dar ao meu filho.
As lágrimas jorraram dos olhos. Ele notou que o guarda também chorava. Parecia ter despertado do seu torpor. Não disse uma única palavra.
Tomou da chave mestra e abriu o cadeado externo. Com uma outra chave abriu a lingueta. Fez correr o metal enferrujado, abriu a porta da cela, deu-lhe um sinal.
O condenado à morte saiu apressado, depois correu, saindo da fortaleza.
O jovem soldado lhe apontou a direção das montanhas para que ele fugisse, deu-lhe as costas e voltou para dentro.
O carcereiro deu-lhe a vida e, com certeza, foi condenado por ter permitido que um prisioneiro fugisse.
Antoine de Saint-Exupéry retornou à França e escreveu uma página inesquecível: Uma vida, duas vidas, um sorriso.
Certa feita, caiu nas mãos dos adversários. Foi preso e condenado à morte.
Na noite que precedia a sua execução, conta ele que foi despido de todos os seus haveres e jogado em uma cela miserável.
O guarda era muito jovem. Mas era um jovem que, por certo, já assassinara a muitos. Parecia não ter sentimentos. O semblante era frio.
Vigilante, ali estava e tinha ordens para atirar para matar, em caso de fuga.
Exupéry tentou uma conversa com o guarda, altas horas da madrugada. Afinal, eram suas últimas horas na face da Terra. De início, foi inútil. Contudo, quando o guarda se voltou para ele, ele sorriu.
Era um sorriso que misturava pavor e ansiedade. Mas um sorriso. Sorriu e perguntou de forma tímida:
Você é pai?
A resposta foi dada com um movimento de cabeça, afirmativo.
Eu também, falou o prisioneiro. Só que há uma enorme diferença entre nós dois. Amanhã, a esta hora eu terei sido assassinado. Você voltará para casa e irá abraçar seu filho.
Meus filhos não têm culpa da minha imprevidência. E, no entanto, não mais os abraçarei no corpo físico. Quando o dia amanhecer, eu morrerei.
Na hora em que você for abraçar o seu filho, fale-lhe de amor. Diga a ele: "Amo você. Você é a razão da minha vida." Você é guarda. Você está ganhando dinheiro para manter a sua família, não é?
O guarda continuava parado, imóvel. Parecia um cadáver que respirava.
O prisioneiro concluiu: Então, leve a mensagem que eu não poderei dar ao meu filho.
As lágrimas jorraram dos olhos. Ele notou que o guarda também chorava. Parecia ter despertado do seu torpor. Não disse uma única palavra.
Tomou da chave mestra e abriu o cadeado externo. Com uma outra chave abriu a lingueta. Fez correr o metal enferrujado, abriu a porta da cela, deu-lhe um sinal.
O condenado à morte saiu apressado, depois correu, saindo da fortaleza.
O jovem soldado lhe apontou a direção das montanhas para que ele fugisse, deu-lhe as costas e voltou para dentro.
O carcereiro deu-lhe a vida e, com certeza, foi condenado por ter permitido que um prisioneiro fugisse.
Antoine de Saint-Exupéry retornou à França e escreveu uma página inesquecível: Uma vida, duas vidas, um sorriso.
Quando
perguntaram ao escritor como ele conseguiu escapar do cárcere que o
levaria a morte, St. Exupéry respondeu em alto e bom tom:
Minha vida foi salva por um sorriso
* * *
Nesse dia internacional das mulheres, minha homenagem a todas vocês que sabem cativar uma amizade, e manter sempre um sorriso no rosto. Especialmente a você Lana, que inspirou o post trazendo Exupéry para nossas reflexões.
Que possamos exercitar um pouco mais esses dois verbos: cativar e sorrir. E que tal reler "O Pequeno Príncipe" ?
criador e criatura |
PS: textos retirados do site Momento Espírita.
Digno de ser compartilhado com zilhões de pessoas! Vai pro FB! :)
ResponderExcluirObrigada pela homenagem!
Não resisti e também compartilhei, agora que vi o comentário da Mana. Lindo demais!!!!
ResponderExcluirGenial.
ResponderExcluirPerfeito! Hoje é dia de as mulheres trabalharem dobrado!
ResponderExcluirMarayse, hoje a noite quero pizza, suco natural...
Boa Ricardo!
Felipe
Meu blog de cabeceira. Adorei. Obrigada amigo.
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